Francesco Cafiso
Angelica
CD CamJazz 2009
Hoje com 21 anos, Francesco Cafiso foi uma das mais surpreendentes revelações do Jazz ao iniciar uma tournée com Wynton Marsalis em 2003, com apenas 14 anos de idade! Possuidor de uma técnica assombrosa, muito próxima de Parker e Stan Getz, modelos que obviamente cultiva, Cafiso levantou desde o primeiro momento um problema à crítica de Jazz que hesita entre atirar as armas ao chão de êxtase ou afrontar a absoluta ausência de novidade. Ora em minha opinião neste mundo nem todos temos de ser inovadores, e mesmo se eu creio que a inovação é um valor capital, não é o único, e muitos artesãos destacam-se precisamente pela capacidade de trabalhar sobre modelos antigos. Isto acontece noutras formas musicais onde ninguém questiona a possibilidade de uma orquestra de Viena interpretar Mozart, mas parece exigir-se que o Jazz inove sempre.
Eu tenho questionado a própria existência – na era da Internet - de vanguarda na música e na arte, onde os "vanguardistas" o são apenas porque o afirmam ser, e nesse sentido eu saúdo o aparecimento de um jovem que sem pretensões de inovador me oferece um Jazz sólido e bem suportado na tradição. Angelica apresenta o jovem Cafiso à frente de uma secção rítmica de intocáveis, demonstrando que mais que um copy cat, ele até é realmente um saxofonista inspirado (mesmo se a sua técnica é evidentemente e declaradamente bebop). A prova residirá talvez mais que nos temas rápidos, que muitos jovens escolhem para provar a sua capacidade de tocar muitas notas em pouco tempo, nas baladas, onde ele se revela um saxofonista profundo e tocante. E bastaria a introdução do eterno “A Flower is a Lovesome Thing” de Billy Strayhorn para convencer.
Francesco Cafiso (sa)
Aaron Parks (p)
Ben Street (ctb)
Adam Cruz (bat)
(Este texto foi publicado em Jazz 6/4 #6)